segunda-feira, 9 de maio de 2011

EDUCAÇÃO PARA UM MUNDO MELHOR

Por um mundo melhor

O homem busca, em desespero, mas antes tarde do que nunca, a preservação do que sobrou neste Planeta. Não é impossível, até porque atitudes simples têm o poder de mudar o rumo de coisas importantes. Mas eis o impasse: por que não se começa a educar para o equilíbrio da ecologia humana? Quanto custa o esforço por um abraço, um sorriso, pela demonstração de afeto?

A Escola gasta quase todo o tempo destinado a ela resolvendo equações de primeiro e segundo graus e a criança vive refém dos deveres de casa. Não há tempo nem espaço brincar. Dirão muitos que a concorrência exige tudo isso na corrida desenfreada ao mercado de trabalho: passar nos concursos, nos vestibulares e arranjar emprego...

Certa vez, perguntaram a uma famosa atriz, centenária, o que a levou ao sucesso nos palcos do teatro e ela nem pestanejou: a fome. Estudar não lhe fez falta? Perguntou o repórter, e ela disse que não, porque a professora só ensinava algarismos romanos até 100.

Por incompetência, muitas Escolas deixaram de ensinar a preservar, a amar uns aos outros, a compartilhar, a viver em grupo e tantas outras coisas fundamentais à felicidade humana! Eles têm pressa de dar o programa todo. E dão. Mas...e os valores que fundamentam a vida?

A educação tem os recursos pedagógicos para ajudar a transformar a humanidade. Quem falhou? Ao invés de se ensinar somente doutrinas, porque não se ensinam valores? Fé, amor, paz, união, misericórdia, fraternidade, solidariedade? Ensinar ao homem a ser bom é um grande desafio. Todas as guerras do Planeta têm origem nas doutrinas.

Quando o homem reflorestar as idéias, podar os galhos secos da ira, regar suas raízes no manancial da fé, vai colher os frutos de um mundo oxigenado de amor. O homem equilibrado vai equilibrar o Planeta!

O Brasil tem recursos para investir na educação, sim. Todavia, o ministro da Educação, Fernando Haddad, afirmou em viagem a Portugal, que o Brasil investe "menos do que 4%" do PIB (Produto Interno Bruto) na sua área. Segundo ele, gastos em outras áreas, como saúde, são contabilizados como despesas em educação. Estudo feito pela OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico) revela que o Brasil gasta 4,3% do Produto Interno Bruto (PIB) em educação pública. Esta porcentagem está abaixo da média verificada nos países que pertencem à Organização, que é de 4,9%. No ranking a França é a líder, com 5,61%, seguida do México (5,12%), Estados Unidos da América (5,02%), Coréia do Sul (4,79%), Grã-Bretanha (4,66%) e Espanha (4,33%). O país deveria investir, durante 20 anos, pelo menos 6% do PIB, se quiser realmente amenizar seus problemas na área educacional. Com PIB de R$ 1,9 trilhão, o Brasil é a maior economia da América Latina. Há um déficit de no mínimo 254 mil professores na rede esfarrapada do sistema. Precisa falar mais o que? Distribuem-se computadores a analfabetos funcionais como se isto fosse inclusão.
O mundo, cada vez mais perto e visível, fica ao alcance de um mouse e muitas vezes, na mira de uma bala perdida. Ás vezes, o educador, sim, fica invisível. Cadê o educador?

Diz-se que um certo rei mandou colocar uma enorme pedra no centro de uma estrada bastante movimentada e ficou, à distância, observando as reações daqueles que por ali passavam. Ele desejava ver quem tomaria a iniciativa de retirar a pedra, que atrapalhava o livre trânsito. Os homens de todas as camadas sociais passaram e todos igualmente se desviavam da pedra, subindo no acostamento. O rei notou que a maioria daqueles que caminhavam, apressados, queixava-se do rei por não se interessar pela conservação da via.

Finalmente, um lavrador aproximou-se da pedra e, com grande esforço, retirou a pedra do caminho. Acontece que, ao transportar a pedra para fora da estrada, sentiu que pisara em alguma coisa que certamente estaria embaixo dela. Depois de afastá-la do caminho, voltou e viu que no lugar ocupado por ela estava uma carteira. Abrindo-a, encontrou, além de uma respeitável soma de dinheiro, também uma notificação do próprio rei, esclarecendo que aquela importância se destinava a quem demonstrasse respeito, consideração mútua e urbanidade ao retirar da estrada a pedra que mandara colocar de propósito.

Moral da história: O educador sabe o que fazer das pedras. A educação precisa mudar o ritmo, a postura e o tom do discurso para garimpar tantas pedras preciosas que encontra pelo caminho. E sobre pedras edificar escolas. Afinal de contas: ”Tu és Pedro e sobre esta pedra...”.

Texto de Ivone Boechat
 
Fonte: http://ivoneboechat.blogspot.com/2010/06/por-um-mundo-melhor_25.html 

Um comentário:

  1. Consciência ecológica

    Ivone Boechat (autora)



    “O homem é a coroa da criação”. O ser humano tem o sabor do oceano na lágrima. Na composição química do seu corpo estão todos os preciosos metais que compõem a Natureza. Ele tem a mesma proporção de líquido do Planeta Terra no seu corpo. Na formação de sua estrutura física e espiritual estão presentes os estados sólido, líquido e gasoso: natureza e homem são Universo-único verso de Deus!

    Para Roger Garaudy “Crer que somos separados é que é ilusório. Os homens somos como galhos de uma mesma árvore, ou como ondas de um mesmo Oceano”.

    Roger denuncia na sua obra Apelo aos vivos, que “O homem violou três infinitos. O infinitamente pequeno: ao domar o átomo e liberar a sua fantástica energia. O infinitamente grande: ao transpor as barreiras da Terra, viajando pelo Cosmo. O infinitamente complexo: através da Cibernética”. Muito angustiado pelo avanço tecnológico, sem compromisso com a vida, ele desabafa: "Optar pela energia nuclear é assassinar nossos netos".

    Xamã, um pagé americano, diz que ensina assim ao seu povo: Primeiro, a arte de escutar. Segundo: que tudo está ligado com tudo. Terceiro: que tudo está em transformação. Quarto: que a terra não é nossa, nós é quem somos da terra.

    Jesus exclamou: “Olhai para os lírios do campo, como eles crescem; não trabalham nem fiam... nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles.”



    O Mestre aponta para a serenidade das flores do campo, como um atalho na busca do equilíbrio ecológico espiritual. As flores dão nomes a mulheres, homens, lugares, rios, países. As flores são alimentos e curam, também!

    Esse equilíbrio da alma vai se conseguir na medida em que brotarem nos canteiros do respeito as sementes da paz interior, da compaixão por si mesmo, pelo outro e pelo Universo. Albert Schweitzer afirma:

    "Quando o homem aprender a respeitar até o menor ser da Criação, seja animal ou vegetal, ninguém precisará ensiná-lo a amar seu semelhante".

    Preservar é não desistir de lutar pela vida, é ajudar a garantir às gerações a dádiva de viver! O cidadão comprometido com a vida é capaz de interagir e ajudar a deter o poder de destruição ao redor, mesmo sem ter nas mãos as prometidas verbas públicas. Ele pode exercer a cidadania de uma forma pacífica, inteligente e gratuita: indignar-se.

    Para preservar é preciso formar cidadãos sentinelas da vida, que saibam intervir no momento certo para se evitar o desperdício, o mau uso, o abuso, mas, sobretudo, formar o educador do meio ambiente, capaz de ensinar “a tempo e fora de tempo” como viver sem deixar um rastro de morte por onde passa.

    É preciso formar educadores para assessorar a sociedade na administração do que herdou. O Brasil pode dar ao mundo um grande exemplo de fraternidade, ao propor um programa de reciclagem de vidas e a restauração do homem.

    Quando o homem desperdiça água, luz, árvores, pensamentos positivos, oportunidade de preservar-se, inteligência para interagir na preservação do Planeta, está adubando com a própria lágrima o terreno da morte para se destruir. Quando distribui lixo político, social, espiritual, emocional, e toda a espécie de ações inconseqüentes, está infectando o espaço, semeando transtornos. São crimes hediondos contra a vida.

    A juventude recebeu de herança dos maus governantes, dos currículos indecentes, dos “educadores” dormentes e dos pais omissos, um grande e riquíssimo patrimônio... mal administrado, mal conservado, mal amado. É urgente que se enfrente o maior desafio de todos os tempos: formar os valores que vão substituir as mentes destruidoras por aquelas que têm sensibilidade para amar e preservar. O slogan poderia ser: adote o seu planeta como bichinho de estimação. É um desafio educacional.

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